Top 50 Poemas Preferidos /sábado, 25 de setembro de 2010
/ 18:40
Sabe aquela regra de não escrever textos longos pra não espantar leitores? Então, eu não sigo.
1. Sete poemas portugueses, Ferreira Gullar
Este poema reúne outros sete dentro de si. A veia poética de Ferreira Gullar jorra sentimento em tão grande vazão que lê-lo é, também, um exercício de autocontrole sobre o que nós mesmos sentimos. O link leva a apenas um trecho da obra.
2. Autopsicografia, Fernando Pessoa
Deparamo-nos com esse poema a verdadeira arte-poética pessoana. A poesia é apresentada como expressão da profundidade negativa da alma do poeta: a dor.
3. Os ombros que suportam o mundo, Carlos Drummond de Andrade
4. Poema Sujo, Ferreira Gullar
Poema Sujo é, antes de tudo, um vômito poético. A incerteza de alguém que vive na dúvida se poderá acordar no dia seguinte. A primeira vez que li Poema Sujo senti que havia levado um soco no estômago. E levei.
5. Procura da Poesia, Carlos Drummond de Andrade
6. Cantada, Ferreira Gullar
Ferreira aparece mais uma vez no rol dos meus poemas preferidos. Em Cantada, o autor compara a beleza de sua musa com objetos, construções e eventos que nada têm de parnasianos ou clássicos. O poeta reinventa a beleza, dando-lhe, aqui, significados inclusive sociais (se alguém um dia me declamar esse poema, caso. Juro).
7. O último poema, Manuel Bandeira
8. A Rosa de Hiroshima, Vinicius de Moraes
Ver um desastre descrito de uma forma tão delicada e sutil nos remete a remoer nossos próprios erros e a questionar valores. Considero um dos melhores poemas já escritos.
9. Não Há Vagas, Ferreira Gullar
Palavras vazias a serviço da literatura média. Ferreira é mais que um poeta. É um transgressor.
10. Mar Intacto, Ferreira Gullar
11. Amor é Fogo que Arde Sem Se Ver, Luis Vaz de Camões
Clássico. Este poema, de lírica impecável e métrica perfeita, é um dos mais conhecidos do autor, cuja obra guarda tesouros inestimáveis.
12. Versos íntimos, Augusto dos Anjos
13. A Ilha de Cipango, Augusto dos Anjos
14. Soneto da separação, Vinicius de Moraes
Aqui, o poeta apenas traduz a separação, sem deixar se transparecer nas linhas. Vinicius é o mágico das palavras.
15. Tabacaria, Fernando Pessoa
16. Ismália, Alphonsus de Guimaraens
Inveja literária. meu Deus, como eu gostaria de ter escrito esse poema.
17. Trem de Ferro, Manuel Bandeira
Trem de Ferro me encantou desde a primeira vez que o li. A inocência do sertanejo, cantando a vida, toca bem lá no fundo. Como toda a obra de Manuel, diga-se de passagem.
18. Um dia você aprende, William Shakespeare
19. Lágrimas ocultas, Florbela Espanca
Este poema tem um significado muito pessoal para mim. O li pela primeira vez quando ainda estava no ensino fundamental e me marcou muito, foi o primeiro que eu decorei. E sei até hoje.
20. E agora, José?, Carlos Drummond de Andrade
21. Obsessão, Charles Baudelaire
22. Recado, Ferreira Gullar
23. Para Viver um grande amor, Vinicius de Moraes
24. Receita de ano novo, Carlos Drummond de Andrade
25. Eu etiqueta, Carlos Drummond de Andrade
Aqui, Carlos Drummond de Andrade faz uma crítica brilhante direcionada a sociedade de consumo, os principais responsáveis pela determinação e disseminação de artefatos e objetos culturais, tendências, hábitos, modas e segmentos a serem concebidos pelas massas.
26. Os poemas, Mário Quintana
27. Ausência, Carlos Drummond de Andrade
28. Poema em Linha Reta, Fernando Pessoa
Fernando Pessoa é um escritor maldito. Um escritor maldito que declara a pequenez do ser humano por meio da grandeza de seus escritos.
29. Soneto LXXI, William Shakespeare
30. Poeminha do Contra, Mário Quintana
31. A felicidade, Vinicius de Moraes
32.Vila Velha, Olavo Bilac
33. Oficina Irritada, Carlos Drummond de Andrade
34. O Poço, Pablo Neruda
Pablo Neruda é um escultor das palavras, molda-as com tamanha leveza e fluidez que elas parecem ser naturalmente sua propriedade.
Impossível que Ferreira não seja o mais citado neste arquivamento, já que à ele dedico devoção incondicional, enquanto poeta, evidentemente.
39. Ah! Os relógio, Mário Quintana
40. Gosto quando te Calas, Pablo Neruda
41. Ao Coração Que Sofre, Olavo Bilac
42. Amor Bastante, Paulo Leminski
Amor Bastante é um de seus poemas mais bonitos, que assim o é justamente por suas metáforas diversas para a metapoesia escrita.
43. Via Láctea, Olavo Bilac
44. Cântico do Calvário, Fagundes Varela
45. HaiKai, Paulo Leminski
46. João Boa-Morte, Cabra Marcado Pra Morrer, Ferreira Gullar
47. Erro de português, Oswald de Andrade
48. Baterás Duas Vezes, Feliu Formosa
Uma crônica paulistana /terça-feira, 7 de setembro de 2010
/ 18:29
Tantas vidas que se cruzam num mesmo local com propósitos tão distintos. Malas são vendidas ao lado de cigarros e uma plaquinha anunciando o preço do banheiro coletivo. Quantas Marias e Josés cruzaram comigo esses dias? Pergunta difícil. Quantos bancos de metrô continuarão vazios nesse feriado chuvoso? Há uma certa delicadeza nesses assentos que eu não sei explicar, eles são como crianças carentes em um desenho abstrato, é como se a sua cor azul fosse assim por conta das lágrimas que continuam a ser derramadas. Abre e fecha portas, gritos, sussurros, conversas, músicas ouvidas ao longe, tudo isso à caminho da plataforma 26. Todas aquelas almas num mesmo lugar, sem se conhecer, sem olhar nos olhos, sem o toque e o "Bom-dia" costumeiro aqui do interior, o medo do próximo, a dor de um casal que se separa. As mãos acorrentadas e fixadas pelas unhas cravadas na pele um do outro demonstram que a partida não é bem-vinda. Eles caminham em direção ao ônibus. Com uma mão, ela a segura pela cintura, com o cuidado e a precaução que só um homem verdadeiramente apaixonado poderia ter. Ela olha tudo a sua volta, como quem descobre um universo novo, e ele se torna os seus olhos, não presta atenção para onde vai, nas escadas, em nada, coloca sua total confiança nele. A hora da partida é chegada. Se despedem com um abraço bem apertado e um sorriso de como quem diz que tudo valeu a pena. Ela entra no ônibus, assopra a janela a fim de deixá-la esfumaçada para desenhar um coração. Ele sorri e espera pela chance de vê-la de novo, de ser feliz de novo, como só ela pode fazê-lo. Ela não deixou apenas um homem aflito no saguão, mas também uma parte de si.
Ninguém acredita na bíblia /quarta-feira, 1 de setembro de 2010
/ 19:13
Acho que as pessoas deveriam ser anarquistas em questão da religião. Religiões: Quem precisa delas? O seu verdadeiro Deus é o seu Deus interior. Se dissessem a você que uma mulher engravidou virgem e que um cara se casou com ela, assumindo seu filho e que passou o resto da vida ao lado dela sem nunca ter relações sexuais você acreditaria? Que a mulher nasceu de uma costela do homem. Adão e Eva. Os dois de origem cacausiana. Se é assim, como pode existir raças tão diferentes como orientais e negros? Adão e Eva não poderiam ser brancos, negros e ter olhos puxados ao mesmo tempo. Sendo eles caucasianos como poderia ter surgido diversas outras etnias? Você acredita? Nem eu. Apenas há uma contravesão, se Jesus existiu, ele, teoricamente, é o filho de Deus, logo Deus existe? Ou seria Jesus apenas um profeta ou apenas um cara inteligente? Ou ele não existiu? Se ele não existiu, logo, também é possível duvidar da existência de Deus. Se Deus criou o Mundo, quem criou Deus? Ninguém pode surgir do nada. E se pode, porque nós não surgimos do nada? Ou será que surgimos?. “Deus está em todos os lugares”. “O inferno não existe. O inferno é aqui”. Se Deus está em todos os lugares, então ele está aqui, e se aqui é o inferno, então Deus está no inferno? Apenas uma coisa é certa: Nem a própria igreja católica acredita no que ela diz. Para quem não sabe, não foi Deus ou a Igreja que criou o purgatório. Quem criou foi Dante Alighieri no livro “A divina Comédia” A igreja simplesmente leu, aprovou a idéia e começou a pregar a existência de um suposto purgatório. E também, algum tempo atrás, a igreja defendia o aborto que hoje é contra. Você nasce, cresce, vive e morre. Pra quê? Qual o sentido disso? A vida não tem sentido. Ou será que tem mas não sabemos?
Praticamente toda humanidade segue uma religião sem ao menos perguntar o que se passa nela, apenas pega o que lhe foi dito por cima de tudo. Acredito que todos deveriam correr atrás da verdade e encontrar o seu verdadeiro eu interior. Aceitar idéias preestabelecidas é renunciar a sua própria capacidade de evolução.
Espelho, espelho meu // 18:40
Qual é o sentido da vida? Viver é errar ou Errar é viver? Quanto vale um sonho? E se o padrão de beleza deixasse de ser o corpo magro para se tornar o corpo rechonchudo, o corpo obeso, o fora do padrão? Todos seriam gordos então? Dizer: “o que importa é o conteúdo” é clichê. Até por quê, quando se vê uma pessoa passar na rua, não é possível notar seu conteúdo de imediato. Então, o que te faz abordar a pessoa e admirá-la? Mistério desvendado: a beleza física.
A própria massa, por vezes, discorda do padrão seguido, mas dizem concordar porque se não considerar a fulana bonita ou a beltrana atraente, você não é homem. Então é isso que define um homem a ser homem?
O que faz uma pessoa ser bonita? É ser magra, ter olhos claros e um corpo escultural? Existe muito mais além do que as revistas de moda são capazes de mostrar. A real beleza, aquela beleza que está no cabelo grisalho, ondulado, crespo, liso; está na pele branca, negra, sardenta, tatuada e na com rugas; e em todos os tipos de corpo: alto, baixo, gordo, magro, portador de deficiência...
A maioria dos homens e das mulheres só quer as pessoas mais disputadas, mais gostosas, mais populares. As pessoas deveriam parar de olhar para cima e começar a olhar para o lado. Se por trás de um grande homem existe uma grande mulher, o oposto também vale, por trás de um homem pequenino existe uma mulherzinha de nada.
Há um tipo de feiúra que uma chapinha e um batom não consertam. As nossas vidas já não são mais vidas, são produtos de vitrines.
Monstrual // 16:07
“Mas Que Droga! Amanhã começa o mês”. E lá se foi ela dormir acompanhada da sua indignação. No dia seguinte acordou cedo, como de costume, vestiu sua roupa, pegou a mochila e seguiu a caminho da escola. Nada muito diferente do que ela fazia todos os dias. 8:30: a primeira pontada se anunciou. O mal-estar começara a dar seus primeiros indícios. 8:40: A dor aumenta. 8:45: Ai, ai, ai... 8:50: “Esqueci o remédio!” 9:00: preciso ir embora, preciso ir embora... 9:02: lágrimas percorrem sua face. Ela já sabia o que era, sua mais velha e melhor amiga acabara de aparecer: a cólica.