Ah, o futuro! /quinta-feira, 15 de julho de 2010
/ 14:45
Pensar sobre o futuro me lembra uma criança que vai pela primeira vez à montanha russa. Ninguém sabe o que pode acontecer. A cabeça se enche de dúvidas "Será que vou cair?", "E se for alto demais?". O coração pulsa à medida que vai se aproximando a vez. A escolha de ir e se arriscar é só sua, ninguém pode saber o que irá acontecer, os calafrios e as incertezas que existirão. A criança se senta no banco com o coração a mil e diz: "Mãe, você pode vir junto?". Não, ela não pode, você tem que seguir sozinho, você está começando agora, não adianta ela te dizer o quanto é perigoso ou o quanto é divertido, isso, você tem que aprender sozinho. O carrinho começa a andar, os olhos se fecham e a velocidade aumenta. É possível sentir o vento batendo forte no cabelo e ouvir a gritaria das pessoas que não têm medo de soltar as mãos. Aos poucos, a criança começa a abrir os olhos e perceber como o mundo é diferente se olhada de cima, e que ela só descobrira isso porque arriscou, enfrentou esse grande desafio que é a vida. A escolha de repetir a dose ou nunca mais querer ver uma montanha russa na vida é só sua, porém, você só saberá disso depois de ter dado a primeira volta.
/terça-feira, 6 de julho de 2010
/ 19:02
“Não tenho vergonha de dizer que estou triste. Não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas: Estou triste porque vocês são burros e feios e não morrem nunca”.
Só por hoje, Quintana me entenderia.
Vende-se um coração /domingo, 4 de julho de 2010
/ 17:41
16 anos de uso. Nunca recebeu nenhum tipo de droga ou tabaco. Suporta sangue arterial e venoso. Bom uso.
Contra-indicação: Órgão não indicado para pessoas impacientes, pois, o coração em questão está quebrado quase que por completo em pequenos pedaços; de tal forma, que poderá levar-se muito tempo até jantá-lo novamente. Não tente Super Bonder, não funcionou.
// 17:40
- Está enganada, Antônia, eu não me apaixono por ninguém, é só alguém que se aproveita da paixão que tenho sempre.
- Eu tenho o amor e a dor maior do mundo, Gilberto.
Caso o Plano B dê certo // 17:31
O grande abismo sufocante que nos aprisiona parece querer nos destruir. Nossos olhares perdidos denunciarão nosso sentimento, nosso corpo pedirá o contato enquanto o mundo perfeito nos repelirá violentamente. Sinto uma sensação mortal de beijar seus lábios, mas a barreira ilusória do proibido quebra o desejo puro e sincero do nosso amor. Você me revelará que eu posso ser feliz e livre mesmo dentro dessa contradição fictícia, me abraçará e me acalmará mesmo que por alguns segundos raros de liberdade que conseguimos roubar da vida real, brutal e desigual. Diante desse caos íntimo, minhas mãos trêmulas não saberão se tocam o seu rosto ou se simplesmente acenam de maneira fria e criptografada para que ninguém perceba o nosso terrível erro de sermos assim. Nos julgarão culpados de um crime incompreensível de se ter, nos condenarão ao desprezo corrosivo da indiferença e da solidão. Caminharemos lado a lado nas ruas da cidade como se fôssemos estranhos entre si, nossos passos programados não permitem que a distância padrão da afetividade seja rompida. Estou cansado dessa alucinação doentia que nos degrada. Quero te sentir na mais completa totalidade do amor incondicional. Quero abrir a minha anatomia emocional sedenta de liberdade e explodir todo o meu furor diante da cegueira hipócrita e repulsiva da gloriosa forma mais verdadeira de amar, mas me manterei em silêncio. Eu serei sua, você será de outra. Em silêncio. O silêncio que restar.
// 17:29
Não há dor que eu não conheça, Não há humilhação que eu não tenha vivido, não há desgraça tão grande quanto a minha existência.
// 17:28
Talvez eu devesse mesmo escrever mais e sentir menos. Mas minha paixão não é prosa, nem conto e nem poesia. Não tem nome, nem rima, nem métrica. São frases soltas, sem pretensão, introdução ou conclusão. É só confusão.
Beatriz /sexta-feira, 2 de julho de 2010
/ 03:54
Da minha priminha (ela tem quatro anos).
Situação um
Meu avô pergunta:
- Você é o neném do vovô ou da tata?
- Da tata, né!
Situação dois
Minha tia reclamando que ela repete tudo que ouve por aí. Minha avó testa:
- A tata não gosta desse doce. Fala para ela: "experimenta".
- Experimenta.
- É uma delícia!
- Delícia.
- Fala que tem gosto do céu!
- Céu.
- Sua tata é feia!
- Não é não! A tata é linda!
(isso prova que ela pensa por si só. E que eu sou linda, claro).
Eu só espero que você nunca cresça, que não conheça a maldade dos homens e que nunca perca o que você tem de mais bonito.
"Sim, me leva para sempre Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ah, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz"
